casamento judaico

ves

 Vestido de Noiva 


Utilizado pelas noivas judias  de origem marroquina


ket

Ketubá

Contrato de Casamento, que fica em poder da noiva como garantia

chup

Chupá

Canópia matrimonial onde os noivos recebem as "Sheva Berachot" (sete bençãos) nupciais 

o "guet"

É o documento do divórcio no casamento judaico. A mulher só poderá se casar de novo se tiver da posse do "guet" ou quando enviuvar

vestido de noiva


Aconteceu na véspera de Shabat antes do casamento. A noiva e sua mãe estavam brigando pelo vestido que a noiva iria usar.
Sua mãe já havia resolvido, há muito tempo, que a tradição deveria continuar e que ela tinha que se casar com o vestido de noiva da própria mãe.

Mas a filha bateu pé, esperneou, começou a chorar e disse que queria um vestido só seu. Havia visto no mercado um que não conseguia sair do seu pensamento.
A mãe começou a se irritar com a teimosia da filha e, como eram pobres, sabia que o vestido iria custar muito caro, bem acima do que podiam gastar.
Mas não houve jeito e a mãe, irritadíssima e zangada falou: “Então vá para o Diabo!!” E foi-se embora, batendo a porta com força.

Logo em seguida a filha saiu de casa. E dirigiu-se diretamente ao negociante do vestido de seus sonhos. Pois estava disposta a comprá-lo custe o que custasse. Quando lá chegou viu uma mulher extremamente elegante e com aparência muito rica, acompanhada de uma serva. Ela havia separado vários vestidos, entre os quais estava aquele vestido de noiva tão almejado.

A moça se aproximou da mulher e falou numa voz trêmula, apontando para o vestido: “Por favor senhora, não se zangue comigo, mas eu vim aqui especialmente para comprar esse vestido aí para o meu casamento.”

E a senhora então disse: “Como você é bonita e certamente ficará linda neste vestido de noiva. Deixe-me dá-lo de presente de casamento para você.”
“Não, eu só queria que a senhora me deixasse comprá-lo”.
A mulher insistiu em querer presenteá-la e disse: “Eu queria que você viesse comigo até lá em casa para eu poder ver como você vai ficar linda vestida nele.”

A moça ficou radiante e logo pensou em como a mãe iria ficar alegre quando ela soubesse. E de lá saíram numa carruagem, até chegarem numa mansão enorme que mais parecia um palácio. A moça nunca havia imaginado que pudesse existir algo de tão luxuoso e vistoso. Começou a olhar em volta, dentro da casa, de um lado para o outro, para ver se era verdade tudo aquilo. A senhora tirou o vestido do cabide e pediu à moça que o provasse, abrindo uma porta para um dos quartos. As paredes eram todas espelhadas e a noiva podia se ver de todos os lados. Ela fechou a porta, tirou o seu vestido surrado e pôs o novo.

O vestido era realmente maravilhoso, com fios de ouro e prata e um bordado discreto e muito especial. E ela se sentiu não como uma noiva mas como uma verdadeira princesa.  Então tentou abrir a porta para sair e mostrar para a senhora como havia ficado naquele vestido. Mas a porta estava trancada.

Já era noite e a moça ainda não tinha voltado para casa para o jantar. Os pais ficaram muito apreensivos com a chegada do Shabat, véspera do casamento. Eles saíram correndo para o rabino, que recomendou que respeitassem o Shabat, como faziam normalmente, e continuassem com todos os preparativos para o casamento. E assim fizeram.

O rabino místico então teve um sonho no qual ele procurou, através da Cabalá, descobrir porque a moça havia desaparecido e o que tinha acontecido com ela. E, nesse sonho, lhe veio a luz do mistério.
Vendo o noivo chegando com a família, e nada da noiva, o rabino puxou-o de lado e perguntou se ele estava disposto a arriscar a sua alma por ela. O noivo disse que sim e os dois pegaram uma carroça e saíram em disparada para fora da cidade.

Chegaram num terreno e, no centro dele, o rabino colocou o noivo, dizendo para que de lá não se mexesse. Aí o rabino demarcou um grande círculo em volta do noivo e falou gravemente:
“Saiba que sua noiva foi seqüestrada por Lilith, rainha dos demônios, para ser noiva do filho dela, que também é o filho de Asmodeus, rei dos demônios. Você é a única salvação, pois só aquele que se dispõe a arriscar a sua própria alma por ela pode tirá-la desse enorme perigo.”

“Agora eu vou embora. Logo em seguida você verá um grande número de demônios. Todos irão humilhá-lo, xingá-lo e tentar machucá-lo. Mas não tenha medo deles e não procure revidar nada, pois esse círculo o protegerá.
Depois surgirá uma carruagem dourada conduzida por um cego de um olho só. Ao lado dele estará o Rei dos Demônios. E você olhará diretamente para ele e perguntará “Por que você raptou minha noiva?” E não importa o que houver, não desvie, nem por uma fração de segundo do olhar de Asmodeus.”

E aconteceu exatamente como o rabino havia previsto. Ao perguntar, tremendo de medo, “Por que você raptou minha noiva?”, veio a resposta “ Porque a mãe dela me deu ela de presente e, ela própria, resolveu ficar no meu palácio para sempre.” Olhando fixamente para os olhos de Asmodeus, o noivo respondeu: “Isso é mentira porque a Ketubá, o contrato de noivado, já foi assinado entre nós dois e também não acredito que a minha noiva preferisse ficar prisioneira no seu reino.”

Nisso ouviram-se gritos, urros, lamúrias, que o noivo logo deduziu serem de sua noiva, mantida presa naquele lugar. E, se tivesse olhado para trás, teria visto a sua noiva enterrada viva só com a cabeça do lado de fora.
Aquela situação deu novas forças ao noivo que, cheio de coragem, olhando duramente nos olhos de Asmodeus lhe disse.” Ela é minha, não é sua e ela sairá daqui comigo.”

Nesse instante o Rabino voltou, acompanhado de seguidores da comunidade, e retiraram a noiva de onde estava enterrada, sem que os outros demônios nada fizessem. Ela ainda estava vestida com o amaldiçoado vestido de noiva, agora cheio de vermes e sanguessugas. Ela então colocou uma roupa limpa que eles lhe haviam trazido. No mesmo momento todos os demônios desapareceram, inclusive Asmodeus.

Só então é que o rabino retirou o noivo do centro do círculo abençoado - prática comum à feitiçaria chssídica - e voltaram para celebrar o casamento, com a noiva chorando de alegria durante todo o caminho de volta.
A noiva vestiu o vestido que havia pertencido à sua mãe. Dizem que nunca se viu uma noiva tão linda como aquela.