Judeu com Shtreimel


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Bolsa de Diamantes de Antuérpia - mesas de negociação

bolsa

Símbolo da Maçonaria


maçonaria 

Cemitério Judaico de Cracóvia

cemit

Gripe Espanhola

gripe

Mozart criança ao piano

moz
Clipe de uma famosa área da Flauta Mágica


Rainha da Noite 



procurando aaron groisman


Meu avô materno nasceu na cidade de Tarnow, na Galícia polonesa, no fim do século XIX. A sua população era de uns 20.000 habitantes e fica a 70 km à leste de Cracóvia.

Os judeus lá residiam desde meados do século XV e representavam uns 30% da população e se dedicavam principalmente à confecção de roupas e fabricação de chapéus, inclusive “Shtreimels”  (chapéu de pele redondo usado no Shabat e nas festas judaicas por alguns Chassidim).

Aaron Groisman havia sido o melhor amigo de vovô desde a infância no “cheder” (escolinha de aprendizado do “alef-beit”). Meu avô aos quatorze anos, órfão de pai, saiu de casa para tentar a vida e tentar um ofício, pois não queria ser um estorvo para a mãe.

De Tarnow seguiu, sabe-se como, para Amsterdam, pois lá ouvira dizer que havia grandes possibilidades no ramo de diamantes. A descrição de seu périplo fica para outra ocasião.

Aaron por sua vez, aos 18 anos, casou-se com uma moça de Bochnia, e tiveram um filho e, pouco depois, uma filha. Quando o menino tinha seis anos e a menina quatro, disse para a mulher que o que ganhava não dava mais para o sustento da família e que iria partir para Berlim e, logo que conseguisse uma “Parnassá” (rendimento necessário ao sustento), a família iria se juntar a ele.

O tempo foi passando e nada do Aaron dar sinal de vida. As amigas fofoqueiras de sua mulher não tardaram a dizer que ele se mandara de vez e provavelmente já havia constituído nova família. Vocês sabem como são as meninas, não é?
A mulher de Aaron adoeceu gravemente e veio a falecer.

A filha já se havia casado e o filho saiu de Tarnow para aprender a lapidar e clivar diamantes em Antuérpia, centro importante do comércio de diamantes, desde o final do século XIV.

O filho deu ao neto o nome do avô. O desaparecimento do Aaron, daquela forma, sem deixar rastro, sempre intrigara o jovem Arik. Quando cresceu  resolveu apurar o mistério, e encontrar finalmente uma resposta definitiva. Seu pai estava certo de que algo de muito estranho havia acontecido com o avô e gostaria de provar que ele não havia simplesmente abandonado a família.

Arik decidiu então ir até Berlim e visitar todos os cemitérios judeus à procura do paradeiro de Aaron Groisman, seu avô. Depois de uma exaustiva busca, que não resultou em nada de concreto, ele voltou para Antuérpia.

Uma prima afastada de Arik, pretendendo continuar a árvore genealógica da família, foi pesquisar o ramo Groisman. Qual não foi o seu espanto quando não pôde dar continuidade ao seu trabalho, pela interrupção do segundo ramo da árvore.
Mas, ao se despedir, ela falou que se ele tivesse qualquer pista que a procurasse porque ela encarava como um desafio a solução desses mistérios.

Naquela mesma noite Arik teve um sonho, que se repetiu durante mais umas três noites. No sonho ele via uma cena da “Flauta Mágica” de Mozart, na qual apareciam o sacerdote Sarastro, o príncipe Tamino e o passarinheiro Papageno. Sarastro, em recitativo, dizendo que só os libertaria se passassem por três provas. Arik não conseguia entender nem associar esse sonho a nada.

Lembrou-se então da sua prima e contou-lhe em detalhes o sonho.
Alguns dias mais tarde a prima, numa tentativa de interpretar o sonho disse, muito enfaticamente, que havia uma correlação direta do mesmo com o paradeiro de seu avô. E que a “Flauta Mágica” expunha o lado maçon de Mozart, daí as duras provas a que Sarastro submetera aquelas personagens, na ópera. Aconselhou Arik a voltar a Berlim e visitar as lojas maçônicas, à procura do nome de Aaron Groissman e seu rastro.

E qual não foi o seu espanto e alegria ao deparar com o nome de seu avô no livro de atas na sede de uma loja maçônica. Lá também constava que seu avô havia contraído a gripe espanhola e, não tendo resistido, falecera pouco tempo após ter chegado em Berlim. Tinha sido enterrado pela loja maçônica num cemitério próximo a Tiergartenstrasse.

Na lápide lia-se: “Aaron Groisman, Marido Dedicado e Pai Amoroso”. Esses dizeres foram transmitidos aos irmãos maçons no seu leito de morte.

Recomendo, meus queridos netinhos e todos vocês, que assistam a “Flauta Mágica” e ouçam o que puderem da obra desse gênio musical que foi Mozart.