alef

As   letras   dançam     e formam palavras.


chai

CHAI


Palavra  formada  pelas letras  "chet"  e  "yud", que significa vivendo.


A letra "chet"  vale 8   e o yud 10,  total = 18.

Guematria = Matemática da  Torá   (atribui  valor às letras) 


guem

No Começo.............

bereshit2

Confira se equivale a 913

Yidish e Ladino

O  Yidish, lingua comum
 aos judeus  ashkenazitas   (da   Europa  Central    e Oriental) até a 2a. Guerra, contém     principalmente palavras do alemão medieval e do hebraico. Escreve-se com letras do alfabeto hebraico.

música yidish

O   Ladino  originou-se  do
espanhol e era falado pelas comunidades sefaraditas dos paises de lingua espanhola. Também contém elementos em hebraico e escreve-se com este alfabeto.  

A TORÁ

O Sefer Torá (Rolo Sagrado) possui exatamente 340.805 letras e 613 Mitzvot (mandamentos), sendo 365 negativas e 248 positivas.

um novo começo


Domingo de outono. Cenário da Hebraica de São Paulo. Como forasteiro, estava tentando descobrir algo de novo caminhando por suas belas aléias. Céu de brigadeiro, temperatura amena, eu me deleitava com aquele passeio.

Não estava propriamente cansado, mas estava procurando algum refúgio debaixo da sombra de árvores. Um pouco adiante, perto do teatro, fixei-me num lugar que me pareceu adequado. Um grupo de anciãos, homens e mulheres, estava sentado em bancos de praça conversando animadamente. Anciãos demandam o nosso mais profundo respeito. Moisés sempre ouvia os anciãos antes de tomar alguma decisão importante.


Sentei-me bem próximo e constatei que estavam falando yidish. Fazia tempo que eu não ouvia a "mame lochen" (língua materna). Procurei tentar descobrir a origem daquele yidish, se polonês, russo, bessarábico. Meus conhecimentos escassos da língua não me permitiram distinguir; sei apenas que não era "litvak" (lituano), que dizem ser o mais puro.


Falavam de como era a vida judaica na Polônia e no resto da Europa pré-guerra. Uns se recordavam dos avós e bisavós, outros da escola, até dos colegas e professores. Cheguei a perceber algumas lágrimas escorrendo por suas faces. Falavam de um microcosmo que se esfacelara, que se reduziu a pó e cinzas. Através de escritores como Bashevis Singer, Sholem Alechem e outros podemos ter uma idéia das tradições e do quotidiano naqueles "shtetels" (vilarejos). Chagal também retrata muito bem esse ambiente. E Lazar Segal e tantos outros.


Nisso aproxima-se um venerável senhor de terno e gravata, dirige-se aos outros e entrega um jornal para cada um. Eu não pude resistir e perguntei: “O senhor sabe onde posso encontrar um jornal em yidish?” E ele me responde: “Está na mão; se o senhor puder me ajudar, será benvindo.”


Me juntei então ao grupo e, numa mistura de yidish e português, ele começa a falar de sua árvore genealógica. Que remonta ao famoso Baal Shem Tov (Senhor do Bom Nome). Um descendente do Besht em pleno Jardim Europa?


E contou que o seu trrrrr-avô nasceu em 1698 na Polônia e ficou órfão muito cedo. Fundador do hassidismo, Baal Shem Tov sublimava nos seus atos e nas suas palavras as aspirações dos judeus que viviam de mendicância e vagabundos. Chaplin também o fazia, a seu modo.

Quando surgiu o chassidismo, havia pogroms devastadores e o que restara da comunidade judaica era só tristeza e desespero. Mas Baal Shem Tov era refratário ao desespero. Seus contos e suas parábolas refletiam muita alegria e humor. Ele estava convencido de que se o ser humano pudesse mudar de atitude, ele poderia mudar o mundo através do sonho e da poesia.

E naquele domingo nos repassou o seguinte conto do Baal Shem: O Besht encontrava-se num exílio, numa ilha desconhecida e distante. O seu único companheiro era um "sofer" (escriba) e também seu discípulo. Mas ele não tem mais nada a dizer nem a ensinar. Está abatido, derrotado, não se lembrando nem mais do seu próprio nome. Seu escriba e discípulo está na mesma situação.


Tudo havia desaparecido, a sua sabedoria e toda a sua memória. Tudo. E ele suplica ao companheiro que lhe diga quem são e por que lá se encontram. Nisso o discípulo desanda a rir, um riso um tanto quanto sinistro e declara que só se lembra de uma coisa. Se o Baal Shem Tov assim o desejar ele consegue recitar o alef-beit (alfabeto) como um aluno principiante. "Alef, beit gimel, dalet...".


“Estamos salvos!” exclama Baal Shem Tov. “Este é o dia mais belo da minha vida!”. O escriba e discípulo, diante de tal afirmação do seu mestre, fica totalmente desesperado.


Meio inconsciente, o discípulo começa a cantarolar o alfabeto. O Baal Shem em êxtase pede que não pare. Pouco a pouco os dois “loucos” começam a brincar com o alfabeto, construindo juntos uma nova e extraordinária linguagem. Dão nome somente aquilo que lhes parece digno de interesse, dispensando o resto. E assim eles rompem todas as correntes e recriam o mundo segundo os seus desejos.