Sinagoga Eliahu Hanavi em Alexandria

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Quem será este pedinte?


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Eliahu Hanavi, o profeta Elias, sendo  levado ao Céu pela Carruagem

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Copo de Vinho para a o Profeta Elias durante o Seder de Pessach


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Quem foi o profeta Elias?



O milagre


Lembro-me muito bem daquele dia. No calendário hebraico correspondia a 5 de Tishrei.

Quatro dias antes, no dia 1º de Tishrei, havíamos comemorado Rosh Hashaná, dia do julgamento e retrospectiva, dia do início do ano novo com um maravilhoso jantar, com toda a família reunida. Os netinhos colaborando com a sua algazarra tipica para a alegria daquela data festiva, tão doce  como mel. É costume molhar a chalá de Ano Novo e a maçã no mel e desejar "Shaná Tová Umatuká" - Ano Bom e Doce.  
 
Faltavam 5 dias para o Yom Kipur, em 10 de Tishrei, quando terminariam os chamados “Yamim Noraim”, os “Dias Terríveis”. Todos os judeus, por menos crentes que sejam, se concentram para o Yom Kipur, um dia de jejum de 26 horas, pois nesse dia será selada e escrita no “livro da vida” a continuação de nossa existência para o resto do ano. É também o dia do perdão.

Os dias são terríveis porque cada um, a seu modo, tenta rever o seu comportamento no ano que passou, pelo qual será julgado, e vem à tona a questão existencial de vida e morte.

Pois naquele dia 5 estava eu passeando distraidamente pela Visconde de Pirajá. Já estava anoitecendo quando, surgindo do nada, uma mão se estende à minha frente. Olhei para o tipo assustador que parecia me pedir esmola. Estava maltrapilho, sujo, e resolvi apressar os passos. E ele a me seguir, com aquela mão imunda sempre cortando a minha visão.

Só podia ser um assalto, mas cadê a arma? Mesmo assim coloquei a mão no bolso e ele começou a tremer e me disse “por favor, não me mate”. Não consegui tirar uma nota menor do que de R$ 10. O que fazer? Remexi novamente no bolso para ver se encontrava uma moeda ou uma nota de menor valor. E aquela mão e o rosto suplicante! Claro que não se tratava de um assalto. Mas como saber?

Pasmem, mas fiquei com pena daquela personagem, a principio tão amedrontador pelo aspecto miserável. É, miséria amedronta.
Ele pegou a nota de R$ 10 e disse: “o senhor não imagina o bem que está fazendo; vou poder, após tantos dias, comer algo quente e farto.” E ele me deu aquela mão, em agradecimento e, não resistindo, me deu um abraço. Que nojo senti daquela mão que, muito provavelmente, mexeu e remexeu em tanto lixo à procura de algo para comer. E o cheiro que se desprendia daqueles trapos de roupa, ao me abraçar. Fuiiiiii!

E me perguntou: “como você se chama?” Eu respondi: “Miguel”. E lhe fiz a mesma pergunta. Ele me respondeu “Elias”. Elias, pensei eu, não pode ser. E então fugi, assustado, o mais rápido que pude daquele lugar.

Atravessei a rua para o outro lado, quando ouvi uma terrível freada e alguém me agarrando e puxando com toda força. Reconheci imediatamente aquela mão imunda e meu nojo desapareceu na mesma hora. Elias me salvara de um atropelamento iminente, de uma morte durante o período dos dias terríveis.

Teria sido Eliahu Hanavi (o profeta Elias) testando o meu comportamento e se eu era merecedor e digno de ser escrito no Livro da Vida?

Quem vai saber?

Shaná Tová