Hospital Albert Einstein em São Paulo

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"House", seriado de TV sobre Médicos

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Fila de Pacientes em Hospital Público

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Leia a Sinopse do filme Um Golpe do Destino (The Doctor) com William Hurt


O médico adoeceu

O Dr. Ruben Finkel, diretor do Hospital Monte Moriá, desconhecia o significado da palavra humildade.
Era inexplicável que um homem como ele, educado dentro da tradição judaica, muito chegado ao rabino da sinagoga, que frequentava com certa assiduidade, tivesse esse tipo de comportamento. Sabia, entre outras coisas, que os nossos sábios nos ensinam a ser humildes, é um preceito de nossa ética. Mas não aplicava nada do que havia aprendido nessa matéria, no seu cotidiano.

O Talmud descreve o verdadeiro líder como uma pessoa rica e poderosa de espírito, sábia, humilde e modesta. E, portanto, recorre à justiça, flexibilidade, tolerância e liberdade.

Dr. Ruben era um excelente médico e cirurgião, mas se julgava acima de qualquer coisa. Não tinha o hábito de cumprimentar nem mesmo os colegas e funcionários do hospital e todos tinham pavor das reações dele, mas no fundo não o respeitavam. Tinham era medo dele.

Pois na verdade, era exatamente um anti-líder. Passava pelos doentes, nas enormes filas de atendimento, e não se detinha um segundo sequer para confortá-los ou dar-lhes uma palavra de apoio.

Vivia cercado de estudantes e jovens médicos que o acompanhavam nas visitas aos internados, absorvendo palavra por palavra as suas observações e orientações, enquanto ele próprio virava-se para os lados para ver se estava sendo observado, tal qual um pavão abrindo suas asas.

Um dia, ao levantar, sentiu uma tonteira. No dia seguinte a mesma coisa. E assim todos os dias daquela semana. Entrou batendo a porta como era do seu feitio no consultório de um colega no hospital, para que ele desse uma opinião sobre essas tonteiras. Isso o obrigou a fazer uma série de exames que mostraram que ele estava doente e precisava de um tratamento longo, durante o qual não poderia mais trabalhar.

No dia seguinte ele entrou no hospital e foi direto para o balcão dos pacientes. A atendente pediu que aguardasse na fila para ser atendido, como os demais. E ele começou a gritar com ela perguntando se ela sabia com quem estava falando e dizendo que ele era o Dr. Ruben, diretor do Monte Moriá e que não ia entrar em fila nenhuma. Não adiantou. Ele ali era um paciente igualzinho aos demais e seria atendido da mesma forma.

Dali foi para uma sala abarrotada de pessoas, aguardando ser chamado. Enquanto esperava, começou a perceber como essa gente sofria. Alguns gemiam de dor, outros diziam que estavam ali há mais de quatro horas, que tinham viajado horas e horas para chegar. Fazia muito calor e nenhum ventilador funcionava. Essa cena se repetiu durante o tempo que ele ficou em tratamento.

Quando ficou bom, após sentir na própria carne todo o sacrifício alheio, já se tornara uma pessoa totalmente diferente.

Dr. Ruben Finkel, na qualidade de diretor do hospital, começou exigindo que o serviço de atendimento aos pacientes fosse imediatamente mudado. Que se acabasse com as filas intermináveis, que se providenciasse imediatamente a colocação de ventiladores e alguns aparelhos de ar condicionado.

Que aumentassem o número de médicos e tudo que fosse possível fazer para aliviar o sofrimento dos doentes. Ele sentira na própria pele todo esse sofrimento.

Ruben era agora, antes de mais nada, um ser humano, humilde e preocupado em ajudar os que dele precisavam.  Conseqüentemente aprendera o que os nossos Tanaim nos ensinaram, fazendo Teshuvá (arrependimento).