é tempo de futebol?

bota

flu
 
E Agora? Vai comer? Dilema...

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Papai Noel judeu? Outro Dilema?..nem tanto


Papai Noel judeu


 Kapo - Judeu aliado aos nazistas? Dilema...?

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Carro Alegórico sobre o Holocausto? Dilema...?

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Judeus na conferência sobre a negação do Holocausto no Irã. Dilema? NÃO!!!!!!!
iINACREDITÁVEL!!!!!

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judeus brasileiros ou brasileiros judeus?

Deixamos a resposta com cada um de nós.
O Brasil não discrimina raça nem cor nem sexo, portanto não estamos diante de um Dilema.

dilemas


Vô, o que é dilema? Dilema é quando você não tem como escolher se uma coisa é certa ou errada. É uma incerteza sem solução, entendeu? Talvez não. O que pode ser certo para você pode não ser certo para o outro e não há uma escolha exata. Então você está diante de um dilema. É complicado mesmo.

O futebol, que é umas das paixões dos brasileiros, pode ser fonte de um dilema complexo. É o meu caso, por exemplo. Eu sou Fluminense, um tricolor das Laranjeiras, Fluminense do nosso querido e pranteado escritor Nelson Rodrigues. Meu filho é torcedor fanático do Botafogo. Como todo torcedor do Botafogo é fanático, bastava eu ter dito torcedor do Botafogo, apenas. Fanático e supersticioso. Quantas vezes ele vestiu aquela mesma camisa suada e fedorenta enquanto o Botafogo estivesse ganhando. Coisas de botafoguense.

Íamos juntos aos jogos do Fluminense x Botafogo. Cada um de nós torcia para que o nosso time ganhasse, é claro. Enquanto eu saia radiante, risonho, feliz e alegre com a vitória do Fluminense, meu filho saia cabisbaixo, lágrimas nos olhos, reclamando do juiz ladrão, do azar, de tudo que justificasse aquela derrota do Botafogo. Mesmo que a vitória tricolor fosse a mais límpida, de uma verdade pura, quase de um óbvio ululante.

Mas aonde quero chegar é o seguinte. Amo meu filho de paixão, mas naqueles momentos de glória ficava feliz com a tristeza quase mórbida dele, no final do jogo. E eu pisava por cima, cutucava a fera com vara curta. Quanto mais ele chorava mais eu ria, mais eu gozava. Eis, portanto, o dilema. Como é que eu tripudiava diante do meu filho fazendo-o urrar de dor, e ao mesmo tempo querendo consolá-lo? Se eu gosto tanto dele, por que o faço chorar e me divirto com sua dor? Pergunto a vocês: estou certo ou errado? Duvido que vocês consigam me responder. Simplesmente porque não existe uma resposta correta para um dilema. Será que o meu exemplo foi satisfatório? Sei lá.
 
Vamos a outra situação, talvez mais complicada ainda. O que ela tem em comum são a outra paixão dos brasileiros e a relação pai-filho.
A outra paixão é o carnaval.  Meu pai nasceu em Oswiecim (Auschwitz),  na Polônia, mais precisamente na Galicia. Quando ainda criança freqüentou o “Cheder” e mais tarde foi para “Yeshivá”. Quando as tropas Nazistas entraram na Polônia, meu pai foi deportado num dos trens de gado junto com quase todos os judeus da cidade para o campo de concentração de Auschwitz. Graças a sua jovem idade e energia, conseguiu sobreviver à maior carnificina humana que se tem notícia, onde mais de seis milhões de judeus foram exterminados e queimados em holocausto nos fornos dos campos de concentração.

Quando eu ainda era criança, ele não cansava de repetir tudo que ele havia vivido durante aqueles anos de agonia e terror. Ele foi um dos sobreviventes que depôs no Projeto do Holocausto da Fundação Spielberg, para documentar e impedir que haja qualquer dúvida quanto a existência e veracidade dessa barbárie. Eu assisti ao seu depoimento pujante, em ídiche, que durou umas duas horas. Holocausto nunca mais!

Quis o destino que eu me tornasse jornalista e fizesse  a cobertura dos desfiles carnavalescos do Grupo Especial no sambódromo do Rio de Janeiro. Depois de alguns anos me interessei em participar diretamente nos trabalhos de uma Escola de Samba.
Fui então convidado para ser o carnavalesco de uma importante Escola.

Este ano resolvi homenagear diretamente o meu pai e todos os mortos e sobreviventes da hecatombe nazista e transferir para a avenida a verdade sobre o holocausto, sob forma de alegorias. Bolei um carro cheio de bonecos representando os corpos inertes recolhidos das câmaras de gás e sobre eles um sambista fantasiado de Hitler, sambando sobre os cadáveres.

Contei ao meu pai, muito orgulhoso, o que estava preparando para o desfile da Escola de Samba, feliz por ter a oportunidade de homenagear todos aqueles que haviam sofrido e, em particular, a ele.

Meu pai ficou horrorizado quando ouviu e começou a chorar e a vociferar. “Você está louco? O que pensa que está fazendo? Quem você pensa que é? Em vez de homenagear a memória de todos aqueles que sofreram você está banalizando num carro alegórico os seis milhões de mortos e mostrando a milhões de espectadores? O que você espera que eles sintam, cantando o samba enredo? Alegria? Alegria em cima da maior tristeza da humanidade no século XX?”

“Pai, essa é única maneira de eu poder mostrar a milhões de pessoas o que aconteceu e guardar a memória daquela tragédia. Eu sou um profissional e estou realizando meu trabalho da melhor maneira que eu posso. Você não está querendo entender”.

Meu pai, então, se retirou aos prantos, dizendo “Como é que eu fui criar um monstro igual a você?” e bateu a porta com toda a força.
Viram o dilema? Quem está certo, eu ou meu pai? Devo seguir em frente e ver o que acontece com a reação popular ou devo cancelar o carro alegórico de vez?